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A Pequena Sereia: a história de uma jovem que fez de tudo para seguir seus sonhos, e não um homem

  • Foto do escritor: Letícia Anacleto
    Letícia Anacleto
  • 25 de jun. de 2021
  • 3 min de leitura

"A Pequena Sereia" (1989)

Baseada no conto do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, a animação “A Pequena Sereia” conta a trajetória de uma jovem sereia que deseja, mais que qualquer coisa, ter pernas para conhecer o mundo dos seres humanos. Lançado em 1989, no auge da era da renascença da Disney, a trama de Ariel divide opiniões acerca das motivações da garota para querer tanto se tornar humana.

Com seis irmãs mais velhas, Ariel é filha do rei dos mares, Tritão, e da falecida rainha Athena. Apesar de perder a mãe muito nova, morta por humanos, a caçula manteve seu espírito aventureiro e a sua fé na humanidade, sem nunca abandonar seu maior sonho de uma vida inteira: conhecer a terra.


A história de Ariel


Ao subir à superfície para apreciar aquele mundo que parecia inalcançável para alguém com barbatanas no lugar de pernas, a sereia se depara com um navio naufragando e com um belo homem – futuramente revelado como um príncipe chamado Eric - prestes a se afogar. Apesar de todas as advertências de seu pai sobre o perigo do contato com os humanos, Ariel salva aquele desconhecido levando-o para a terra firme e usa de sua bela voz para cantar, na tentativa de acordá-lo.

Como a existência das sereias deveria permanecer apenas nas histórias de pescadores, assim que o homem começa a demonstrar sinais de consciência, a jovem volta para o mar, mas parte dela ficou para trás. Com o decorrer do tempo, a jovem se viu extremamente apaixonada por aquele humano que havia acabado de conhecer, pois sentiu uma conexão profunda e verdadeira com ele.

A partir dessa narrativa, os espectadores do filme, geralmente, concluem que a pequena sereia faz de tudo para se tornar humana e, até mesmo, entrega sua voz para uma feiticeira do mar, por causa de um homem. Isso faz com que as pessoas acreditem que o enredo de toda a animação seja unicamente voltado para o romance, desqualificando totalmente os interesses pessoais da protagonista. Com essa conclusão, o filme é visto por alguns, como machista e ultrapassado.

Tal pensamento demonstra o quanto a história é totalmente incompreendida por muitos, que não conseguem enxergar a verdadeira lição por trás da trama. Antes mesmo de saber da existência de Eric, a sereia sempre demonstrou sinais de insatisfação com sua vida no fundo do mar e seu interesse por tudo que envolvia humanidade.


O sonho em primeiro lugar


Quando teve que ir embora após seu primeiro contato com a terra firme, enquanto cantava para o príncipe desacordado, Ariel deixou parte de si para trás: não por um homem, mas sim, por estar finalmente no lugar que sempre sonhou, mesmo que brevemente. Logo, o romance da história não desqualifica os sonhos da sereia. Ela é apaixonada por Eric, mas não abandona seus ideais, nem mesmo até o último segundo.

Logo no início do filme, Ariel perde uma apresentação musical familiar importante para fazer uma de suas atividades favoritas do dia-a-dia: procurar objetos humanos perdidos em naufrágios. Alimentando seu interesse pelo mundo fora das águas, a jovem coleciona, em uma caverna secreta, todos os objetos que encontra e gosta de imaginar a utilidade para cada um deles.

Ao cantar “Parte do Seu Mundo”, sua I want song - termo do inglês usado para descrever quando a personagem principal de um musical canta sobre o que ela mais deseja para sua vida – Ariel descreve profundamente o quanto quer ter pernas e estar inserida na vivência dos humanos: “Eu quero estar onde o povo está, eu quero ver um casal dançando [...] as barbatanas não ajudam não, pernas são feitas para andar, dançar...”.

Até mesmo um objeto que pode parecer ordinário para as pessoas, como uma Bruguzumba, mais conhecido como “garfo”, é motivo de alegria para a sereia. A curiosidade pela cultura humana é o que move a protagonista e fortalece seu sonho de vivenciá-la, assim como é expresso na música: “Eu quero saber o que sabem lá. Fazer perguntas e ouvir respostas. O que é o fogo? O que é queimar? Lá eu vou, ver”.

“Poder andar, poder correr, ver todo dia o sol nascer, eu quero ver, eu quero ser, ser deste mundo. E o que eu daria, pela magia de ser humana, eu pagaria, por um só dia, poder viver. Com aquela gente, ir conviver e ficar fora destas águas, eu desejo, eu almejo este prazer [...] Quero saber, quero morar, naquele mundo cheio de ar. Quero viver, não quero ser, mais deste mar” - trecho da música “Parte do Seu Mundo”.

Para entender o sonho de Ariel, ouça a música "Parte do Seu Mundo" completa:



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